Sua ausência, minha solidão
Afogo-me na mais soturna agonia,
Por que os poetas apaixonados choram versos dolorosos?
Por que o flagelo que açoita não é o mesmo que devora?
As lágrimas jorram em torrentes amargas,
invadem a madrugada fria
a dor da solidão,
lamentos e vozes que emergem de um ser soterrado de prantos,
os olhos marejados já não enxergam esperança,
a voz trêmula não grita mais por socorro,
os gemidos quebram o silêncio angustiante,
esperança roubada dentre os detritos restantes do meu ser.
Foram teus olhos que provocaram em mim imensa dor,
foi tua boca que despertou repentino encanto
e a flor que fechada mantivera-se por anos
rompeu em glória ao nascer do sol,
porém quando ele se foi levou o brilho do teu sorriso
minha alma emudeceu,
como menino me vi sem o colo materno,
como um poeta sem o anjo nos braços.
Diante dos meus olhos o belo se fez real
e os passáros enfeitaram-se de vozes humanas,
e eu podia ouvir cada palavra traduzida de seus cantos
encontrei o mister oculto nas telas das pinturas
o código revelado aos olhos comuns.
O majestoso gravado nas gravuras do pensamento
e o outuno se vestiu de amarelo vivo,
nem mesmo Nietzsche em sua loucura poderia traduzir os sentimentos
a solidão que invade, corrói
beleza roubada dos olhos gentios,
apresenta-se rouba suspiros e some,
sou servo apaixonado e submisso,
sou escravo preso aos teus encantos.
Solidão não há andarilho errante que não a despreze
perdido na vida e só,
rejeita a tua companhia,
corre pelas estradas da vida não querendo te encontrar
e tentando colher as flores do caminho
deixa cair de sua cesta um papel rabiscado estes versos.
Vi uma bela e única imagem
flor que em castelo se revestia sua grandeza
sobre um altar, pedras preciosas a adornam
uma nascente cristalina rega teus pés
fito-te apenas,
meus olhos viram a beleza encarnada
irascível em meio a gemidos as lágrimas novamente brotam.
Solidão que ausência tenho em meus pensamentos!
Solidão um tormento que me mata!
O amor platônico que nasce
sente o perfume da rosa sem poder tocá-la
mesmo distante sinto o cheiro
mesmo a vendo cheia de espinhos desejo abraçá-la.
A rosa que solitária no castelo vive,
o poeta que solitário em seus sonhos reza
embevecido no aroma de teus perfumes
segue pela estrada,
cantando melodicamente,
melancolicamente.
Solitariamente.
Sozinho.
Só.
shiii...