Amor e Dor

A dor, para ser doída, necessita do amor

Para lhe ensinar as rimas do choro

E a metáfora dos frêmitos e das lágrimas

nos versos enviesados, vesgos, sem ritmo,

Cheio de nódoas e cheiro de tabaco vagabundo.

A dor, o amor e suas rimas tortas,

Orvalhadas do teu aroma sedutor

Nas manhãs de mortal solidão e tédio

Envoltas em ténue manto de tua saudade,

Que é o ópio da minha alucinação,

Que é a razão da minha diáfana lucidez.

Em algum lugar por ai - dizem os sábios

- O amor é uma coisa resplandecente.

Em algum lugar por aí, meu amor!

Mas você estará solitária hoje à noite,

Olhando através dos olhos do amor,

Hoje à noite, amanhã e ontem,

E a solidão depurará a sua agonia.

Algo em seus olhos brilham e miram

Algum lugar do passado ou do futuro.

Mas o que é o futuro senão hoje?

Que é o ontem senão o hoje?

Que é o hoje senão o princípio

E o fim de todas as glórias?

O desalento soturno da solidão destrava

A tampa da garrafa de náufrago em mar revolto

Revolta em fel dissolvido no cerume do mel

Da abelha rainha perdida nas profundezas

Do amor, solvendo-se nas espumas da saudade e

Da solidão metálica e afiada como lâmina de aço

Que rasga meu peito e sangra meu coração.

Tom Torres
Enviado por Tom Torres em 31/07/2020
Código do texto: T7022258
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