Se você estivesse aqui
Se você estivesse aqui
Por: Marcos Welber
Se você estivesse aqui
Será que seguraria minha mão?
Se você estivesse aqui ao meu lado
Será que seria mais fácil suportar a escuridão dessa vida?
Mas, se você apenas pudesse estar aqui
Nesse momento
Se eu apenas pudesse olhar nos seus olhos
E esquecer que você durante tantos anos, você se esqueceu de mim
Se você estivesse aqui
Será que pelo menos por um momento, seria capaz de tirar essa dor de dentro de mim?
Se você estivesse aqui
Seria mais fácil suportar o frio dessa imensa solidão?
Se você estivesse aqui poderia dar um pouco de calor ao meu coração?
Pois que eu sempre estive tão sozinho
A estrada da minha vida sempre foi a solidão
Me acostumei a caminhar de braços vazios,
Desde pequenino,
Caminhei lado lado com a dona da verdade,
Aquela que é pura realidade.
Sempre senti de perto, o abraço sem vida, dessa senhora má, chamada Solidão
Mas, por que só agora, tudo parece muito mais frio?
E a dor está cada vez mais insuportável?
Por que nesse momento em que tudo é ameaça, eu só queria poder apertar a mão de alguém?
Por que nesse momento em que tudo falta
E abraços podem matar
Por que ? Por que nesse momento o que mais eu queria, nessa vida, é apenas um abraço?
Por que eu já não sei mais nem o que faço?
O que ainda faço nesse mundo?
Qual o sentido disso tudo?
Se não posso nem dar mais um passo
Para longe dessas poucas paredes alugadas frias e vazias
O que eu ainda faço nesse mundo?
Qual o sentido disso tudo?
Se quanto mais dói
Mas sinto doer
Se quanto mais fica escuro, mas sinto escurecer
Não aguento mais viver
Pois que viver sempre foi sinônimo de sofrer
E sofrer é de certa morrer
Um morrer todo dia
De forma lenta e mais dolorosa
E eu só queria saber o que eu ainda faço nesse mundo?
Qual o sentido disso tudo?
Fui jogado para fora da barca para morrer sozinho
E eu sempre aguentei com bravura a cruz que a malfadada vida me deu
Mas agora tudo escureceu de vez
E agora nesse momento, em que até respirar é uma ameaça
Nesse momento, em que a Terra parece fazer justiça com as próprias mãos
E enfurecida mostra, que por mais que essa sociedade podre, tivesse levantado tantos muros, para destruir e fazer os humildes e simples sofrer
A Terra mostra
Que tudo de certa forma está interligado
Somos mais que números
Somos gente magoada, sofrida, da voz sufocada e calada
Mas ainda assim somos gente
E sentimos diariamente a dor da exclusão contra nós levantada
Eu não consigo ver minha gente
Eu apenas sinto noite e dia sua dor
Por que essa dor também é minha
Eu não me sinto fazendo parte de nada
Eu nunca me senti nem gente
Sempre fui tão pequeno
Só soube que era gente
Por que só gente chora e sabe que está chorando
Só gente sofre e sabe que está sofrendo
Silêncio
Tudo é silêncio
O silêncio dói
E grita todos os dias nos meus ouvidos que eu estou completamente só
Mas nada é pior do que me sentir julgado
Então não me julgue por sofrer
Por sentir essa dor, que eu nunca quis sentir
E eu só queria saber
Se você estivesse aqui
Será que seria mais fácil suportar tudo isso?
Se você estivesse aqui
Será que meus braços continuariam tão vazios?
Se você estivesse aqui
Será que tudo continuaria tão frio e escuro?
Por que mesmo antes das portas se fecharem, já haviam tantos muros, separando e marginalizando pessoas?
Você consegue ver a dor, irmão?
Consegue sentir a dor de seu irmão?
Se consegue, como consegue viver apenas assistindo a tudo isso? Sem absolutamente nada poder fazer, mesmo querendo fazer?
Onde está você, nesse momento em que além dos muros levantados
Todas as portas se fecharam?
Como se sente sendo impotente?
Nesse mundo cada vez mais doente?
Como se sente sendo impotente?
Nesse mundo cada vez mais demente?
Você pode colocar tudo nas mãos de um Senhor chamado Deus
Ou de uma entidade abstrata chamada Vida
Destino, Carma
Mas ainda sim
Nada explica
Os muros levantados
Antes de todas as portas e janelas se fecharem
Você pode lavar as mãos
E deixar toda a sujeira escorrer pela pia
Mas ainda assim, nada muda o fato
De que só existe dois papéis nesse mundo:
O de vítima ou de algoz
E você o que é?
Uma vítima sofrida ou um lobo feroz, que devora a vida de seu semelhante apenas para fazer seu ego crescer?
Enquanto nesse mundo a maioria só faz sofrer?
Você pode até achar que é uma espécie de terceira via
Algo entre vítima e algoz
Você pode se iludir
Mas esse papel não existe
Não nessa nação
Onde o discurso é a agressão
E a escuridão que causa no coração
Que papel você escolheu?
Que papel que a vida te deu?
Não importa, irmão
Você pode negar tudo
Sua vida pode ser para sempre a negação
Mas a realidade caminha pelo ar
Pronta para lhe matar
E mostrar que mesmo com todos os muros levantados
Para o bem ou para o mal
Ninguém é melhor que ninguém
E o destino de todos está interligado
Seja o de um rico empresário
Ou de um pobre mendigo, largado para morrer na suja calçada
Esse momento da história, está aí, a todo momento nos mostrando, que
nossa jornada sempre foi a mesma
E que nossas existências estão todas interligadas, até pelo ar que respiramos
Não importa os muros, que no decorrer da história, foram pelos homens levantados
O destino é um só
Mesmo que o sofrimento seja repartido de forma essencialmente e cruelmente desigual
No fim todos pagamos o preço
Pela falta de amor e tolerância
Por matarmos em nós mesmos, a criança
E com ela a esperança
Éramos felizes e não sabíamos
Quando éramos livres para amar
E abraçar
Éramos podados pelos muros sociais que foram por nós construídos ou construídos a nossa revelia
Aceitamos essa doença chamada desamor
Nos contentamos com os papéis diferenciados, que essa merda chamada sociedade, nos enfiou goela abaixo
Deixamos que o mundo sufocasse nossa criança
Criamos freios, muros, jaulas, limites e margens
Brecamos, separamos, aprisionamos e marginalizamos
E nem se quer sabíamos
Que por trás de todas as prisões: sociais, culturais e etc
Ainda éramos livres
Se quiséssemos
Se pudéssemos
Se apenas olhássemos para nosso lado
Mas agora que o perigo está no ar
Realmente minando vidas
Entendemos enfim que apesar dos muros levantados
Ainda somos iguais
Mesmo com todas as prisões que foram construídas
O destino de toda humanidade está interligado
E não importa o quanto se negue
Agora que a criança em nós é impedida de se aproximar do seu próximo
Apenas por ser próximo
E não por nenhuma diferenciação
Agora que não se pode pegar nem mesmo numa mão
Chegar perto
Abraçar um irmão
Apenas por ser irmão
Não de sangue
Mas de destino
Agora que um simples abraço se tornou mais raro que diamante
Era a hora de se entender
Quanto vale a vida
Que um simples sorriso
E até mesmo uma lágrima
São a coisa mais bonita dessa vida
Poder respirar junto
Lado a lado o mesmo ar
Apenas abraçar e chorar baixinho
Dividindo o mesmo ar
O mesmo calor
Sem medo
Sem muros
E falsas distinções que criam uma falsa ideia de superioridade
Este não é o momento para se solidificar e reforçar desigualdade
É o momento de se criar laços de solidariedade
E de amizade
Por isso sorria e agradeça se puder, o fato de ter alguém ao teu lado
Dividindo o mesmo ar
Seja sorrindo
Chorando, brigando, cantando ou em silêncio,
Agradeça
Eu olho para os lados
E só vejo paredes vazias
E não posso deixar de pensar, como seria se você apenas estivesse aqui do meu lado.
Por isso sorria e agradeça se puder, o fato de ter alguém ao teu lado
Dividindo o mesmo ar
Seja sorrindo
Chorando, brigando, cantando ou em silêncio,
Agradeça
Porque eu olho para lados
E só vejo paredes vazias
Minha vida é apenas uma triste agonia
Em forma de uma pobre poesia
Mas ainda assim, eu agradeço
Por fazer parte dessa história
Porém me desculpe
Mas eu jamais poderei deixar de pensar, em como seria, se apenas e somente você estivesse aqui, ao meu lado.
Como seria?
Seria uma linda poesia?
Uma doce companhia?
Ou apenas uma triste agonia?