Oceano


Ilhado, proibido, exilado,
transborda, desbota, borda
a beira, a borda, o primeiro
se fixa, lança, espera,
aguarda, breve delata.
Exilado, proibido, ilhado
no fundo escuro do mundo,
na luz rosa que a febre conduz;
do amor o tempero que falta.
Proibido, ilhado, quase exilado
por si, pelo nada, no resto,
na sobra, no fim, na ponta.
Apenas uma palavra, um sinal,
um farol, a rocha, a onda,
o cabelo dela que voa
pelo vento, ao relento,
sem sereno.
Proibido no espaço pequeno,
na censura, curto,
na ilha, no exílio,
no fim da saudade,
no princípio da ausência
a força pela tolerância.
Ilhado, sem fé, sem Deus.
Proibido, sem censura, sem governo.
Exilado, sem perdão, sem volta.
Sem posse, sem jeito, sem gente,
sem saudade, ao nada, pelo nada.
Apenas para não ser vazio,
um gole daquele beijo que o tempo levou,
do amor que não se esquece,
por mais que a solidão se sobreponha,
quando as vezes sem dormir,
de olhos abertos, se sonha.