Transição


Tempos idos de amores outros  
que pousaram na planície da solidão,
dormitaram no silêncio da rede
deitando seus murais nas paredes,
colorindo o sonho mesclado
em floridas campinas verdes.
Tempos idos de tantos amores,
sem glórias de histórias em quadrinhos,
também sem cânticos de passarinhos,
sem tormentas, tanto sem louvores.
Tempos idos de amores findos,
troca de passos, desencontros,
fim de rua, sem alamedas,
atalho da vida onde o mundo começa,
meio de ilusão, meio do real, nu e cru.
No rosto redondo da tarde,
nos sonhos que as asas batem,
no seio que os corações repartem,
a dor que no olhar aflora,
a angústia que pega sem demora
exigindo que o tempo se apague.
Tempos idos de amores outros,
nas palmas das mãos, as linhas fatais,
fatais de fatos sem fé,
sem fé na planície que exaspera,
nas asas que caem de tanto bater.
Idos tempos de muita espera,
de querer sentir o princípio do céu
na noite que quis chover,
negando amor a estrela encabulada.
Amores idos em tempos outros,
que não este também sem festa,
que não este, o único que resta
no atalho da vida, começo do mundo,
fim de pauta, vazia
da única palavra riscada na boca
talhada, esculpida ao ouvido...Adeus.