Sem cruzar arco - íris


Engano,
chamo de engano meus erros,
os atos, os fatos
que em vez de ser, deveriam ter sido
a diferença que existia em mim,
o pacifismo com a vida,
a aceitação do momento,
sem sequer proferir uma reação.
Engano, sempre me enganei
com a vida, pensava,
com as pessoas, pensei.
Engano pensar que fui iludido
quando sempre vivi ilusoriamente,
achando fácil transpor a ponta,
cruzar o arco-íris.
Sempre julguei que as manhãs fossem únicas,
privadas ao meu deleitar.
As tardes observadas,
imaginadas para longos e alheios sonhos
erguidos nos muros íngremes,
fortes dos castelos de pedra.
E a noite, anfitriã das queixas,
dormentes ao tato de amor,
entregues ao berço do descuido
sob o assalto das minhas mãos.
Engano, sempre me enganei,
apesar das trombadas, tropeços, não acordei.
Hoje há um mar, um oceano
que quebra a realidade em meu rosto,
profana meu interior
bagunçando meu desengano,
pela simples razão de ser um sonhador.