ventania

lá fora

ventos uivam a dor de passar

passar correndo ligeiro

embalando gritos, urros e

quem sabe palavras mágicas

lá fora

o vento bate portas, janelas

estronda-se nas árvores, muros

e traz um lamento estranho

fonético e sibilado

como se sussurrasse-me

um segredo do lugar

lá fora ainda dentro da cripta

em profunda meditação

o vento percorre desesperado

seu tempo

a passar, nuvens o acompanham

sombras lhe perseguem

vozes cantam seu coro mórbido

lá fora tanto vento

a ventania

traz a mente agonia

de correr

e, não sair do lugar

daqui de dentro

do hemisfério mental

lá fora a ventania

percorre apressada

minhas ilusões,

reflexões

que se esvoassam

como véus

e filós

lá fora,

tão distante

e implícito

a vetania soberana

dita-me a poesia

e, eu,

obediente

traduzo.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 19/10/2007
Reeditado em 20/10/2007
Código do texto: T701030
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