ventania
lá fora
ventos uivam a dor de passar
passar correndo ligeiro
embalando gritos, urros e
quem sabe palavras mágicas
lá fora
o vento bate portas, janelas
estronda-se nas árvores, muros
e traz um lamento estranho
fonético e sibilado
como se sussurrasse-me
um segredo do lugar
lá fora ainda dentro da cripta
em profunda meditação
o vento percorre desesperado
seu tempo
a passar, nuvens o acompanham
sombras lhe perseguem
vozes cantam seu coro mórbido
lá fora tanto vento
a ventania
traz a mente agonia
de correr
e, não sair do lugar
daqui de dentro
do hemisfério mental
lá fora a ventania
percorre apressada
minhas ilusões,
reflexões
que se esvoassam
como véus
e filós
lá fora,
tão distante
e implícito
a vetania soberana
dita-me a poesia
e, eu,
obediente
traduzo.