Eu, marionete

Minhas vitórias são perdas

Minhas derrotas são ganhos

Tudo isso vai depender

De quem está me olhando.

Para mim nada é garantia

Não quero felicidade pronta

Segurança de correntes que prendem

Do status quo que comanda.

Saio da minha caverna de Platão

Eu parto

E reparto

Ideias, vazios e espaços

Não me encaixo em caixas

Adjetivos fictícios para curar a solidão

Não necessito de autentificação no cartório

Aprovação de julgos alheios tão notórios

Ao apontar nossos erros tão contraditórios.

Queremos carregar sobrenomes

Ostentar certificados e diplomas

Nos vestimos de máscaras

Ser bem quisto é muito importante

Talvez a nossa lucidez falha

Seja só uma piada de mau gosto enfadonha e irritante

Nos munimos de mentiras

Para nos enganarmos em um festival de "faz de conta".

Bobo da corte

Entretendo a plateia risonha

Por um pouco de graça bizarra

Placebo tão necessário na tragédia humana

Teatro encenado e ensaiado

Bonecos de marionete

Sendo controlados

Atores de quinta categoria

Assumindo papéis desumanos.

Prefiro o dramalhão mexicano

Com choro, caos e brigas

Cansei de fingir sanidade

Em um mundo que cobra normalidade

Quero transbordar o desejo

Que carrego no peito

De não me deixar controlar

Pelo medo

De ser vista como

Ridícula

Esquisita

Sem freio.

Eu sou cheia de defeitos

Tento dar uma de forte

Não ser covarde

Assumir o risco e o peso

Das minhas

Estranhezas e excentricidades

Carregar o fardo

De tentar parir a si mesma

Em um mundo carregado de sombras

Refletidas no escuro da nossa

Maldita alegoria

Caverna

De

Platão.

Bruna Larissa Nogueira
Enviado por Bruna Larissa Nogueira em 17/07/2020
Código do texto: T7008340
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