Eu, marionete
Minhas vitórias são perdas
Minhas derrotas são ganhos
Tudo isso vai depender
De quem está me olhando.
Para mim nada é garantia
Não quero felicidade pronta
Segurança de correntes que prendem
Do status quo que comanda.
Saio da minha caverna de Platão
Eu parto
E reparto
Ideias, vazios e espaços
Não me encaixo em caixas
Adjetivos fictícios para curar a solidão
Não necessito de autentificação no cartório
Aprovação de julgos alheios tão notórios
Ao apontar nossos erros tão contraditórios.
Queremos carregar sobrenomes
Ostentar certificados e diplomas
Nos vestimos de máscaras
Ser bem quisto é muito importante
Talvez a nossa lucidez falha
Seja só uma piada de mau gosto enfadonha e irritante
Nos munimos de mentiras
Para nos enganarmos em um festival de "faz de conta".
Bobo da corte
Entretendo a plateia risonha
Por um pouco de graça bizarra
Placebo tão necessário na tragédia humana
Teatro encenado e ensaiado
Bonecos de marionete
Sendo controlados
Atores de quinta categoria
Assumindo papéis desumanos.
Prefiro o dramalhão mexicano
Com choro, caos e brigas
Cansei de fingir sanidade
Em um mundo que cobra normalidade
Quero transbordar o desejo
Que carrego no peito
De não me deixar controlar
Pelo medo
De ser vista como
Ridícula
Esquisita
Sem freio.
Eu sou cheia de defeitos
Tento dar uma de forte
Não ser covarde
Assumir o risco e o peso
Das minhas
Estranhezas e excentricidades
Carregar o fardo
De tentar parir a si mesma
Em um mundo carregado de sombras
Refletidas no escuro da nossa
Maldita alegoria
Caverna
De
Platão.