Compressão irregular

Na clausura em que me encontro,

Aglutinam-se as sombras sob mim,

Poderia eu comparar-me a lua?

O satélite cujas fases sombreiam

Todas as formas confinadas

Na luz da consciência.

Teu flanco protuberante

É o comprimido noturno

Que faz uivar os mares

Bestiais ultrassônicos.

Sob tua luz secundária,

Ouço os bramidos das feras

Claustrofóbicas.

Os instintos vitais

Pulsam a rasgar o peito,

Todos aprisionados na

Sombra do desejo.

Ó lua, enxergo teu imperioso ventre

Que estica as colisões entre os formatos

Em meu seio.

Na órbita nauseante, teu sólido medicamento

Já não sustenta a expressão que fulmina

Das salsas rochas insones.

A abstinência que aqui uiva, é pela vida.

E os tímpanos espumados pelo mar,

já não podem suportar a licantropia

Das formas a jorrar.

Dos celestes cais,

Pelo esôfago

Escorre a vida

Pendendo

No núcleo

De mim.

Letícia Sales
Enviado por Letícia Sales em 10/07/2020
Código do texto: T7001922
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.