TRANSAS AMARGAS
Já desejei bocas que eu quis beijar
E não beijei.
Já desejei garrafas que eu quis beber
E não bebi.
Lábios que eu deveria ter mordido
Mais do que sonhara em morder
E não mordi.
Corpos e copos
que eu lambi os seios,
os arredores e gozei
Minuciosamente
Na estigma das imaginações
E no licor que eu deveria
Ter-me embriagado mais.
Tive tampoucas derradeiras mulheres
Derradeiras garrafas
Derradeiras idas,
Sempre tive um caso
Com as horas derradeiras.
Já desejei almas que eu quis beijar
Mais do que tudo na vida
E não beijei.
Mas somente estas,
As horas hostis,
Inevitáveis
Ninfomaníacas das carnificinas, amargas e sensuais
Sabiam exatamente como me gozar!