TRANSAS AMARGAS

Já desejei bocas que eu quis beijar

E não beijei.

Já desejei garrafas que eu quis beber

E não bebi.

Lábios que eu deveria ter mordido

Mais do que sonhara em morder

E não mordi.

Corpos e copos

que eu lambi os seios,

os arredores e gozei

Minuciosamente

Na estigma das imaginações

E no licor que eu deveria

Ter-me embriagado mais.

Tive tampoucas derradeiras mulheres

Derradeiras garrafas

Derradeiras idas,

Sempre tive um caso

Com as horas derradeiras.

Já desejei almas que eu quis beijar

Mais do que tudo na vida

E não beijei.

Mas somente estas,

As horas hostis,

Inevitáveis

Ninfomaníacas das carnificinas, amargas e sensuais

Sabiam exatamente como me gozar!

Kelvi Klaine
Enviado por Kelvi Klaine em 05/07/2020
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