Enquanto o sono não chegar
Senta na sala, espera em silêncio,
No verbo leve da madrugada,
Aguarda a volta que não chega,
Faz morada, chora sem lenço,
Lágrimas descem no feixe lento, bizarro,
Dedos errantes carregam o cigarro,
E o cigarro os pensamentos,
Memórias queimam rápido no peito,
O trago brando no lábio, leito,
Dos beijos que não mais existem,
O compasso muda, manhã chega,
O sono não vem, a tristeza que fica,
E moribundo cigarro preso nos dedos,
Espera o toque rápido no cinzeiro, incita,
Jorra de longe o raio solar matutino,
Os pés se iluminam, o cigarro se apaga,
O final dos pensamentos, cinzeiro cheio,
Ele espera em vão pela mão que afaga,
Um silêncio culpado, a dor de errar,
Retumbam forrte no peito enquanto o sono não chegar.