O Carvalho
hoje.
o derradeiro verso
adormeceu calado
num fio sem reticências.
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ontem...
o vento da estação
feriu o lenho seco
do milenar carvalho.
o seu vagar é leve,
o seu olhar de orvalho...
– não mais o viço rico
[no vicejar das letras.
a chave tão complexa,
que à sete chaves frias
a alma ali guardou,
guardada ali ficou:
a poesia no segredo do cerne,
o poema no altar do silêncio...
lá fora ficaram lobos sacrificando lobos
[e cordeiros sem guarida.
ficaram as réstias de antigos signos.
ficaram as pegadas de um tosco cajado
e histórias velhas ainda não contadas.
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Hoje...
É sol poente...
Uma velha caravela foi ao mar
levando um vate calmo no convés
às vagas impolutas de outros mares.
é sol poente...
um quarto. um catre.
um rolo manuscrito.
(ao pó, solto, esquecido...)
: o canto que ficou
das seivas que restavam
na alma do carvalho.
e em todos seus vazios
na lauda e no seu corpo
na forma e no compasso
dormindo em bruma etérea
no ritmo e na estância
[o seu último verso.
SGV. (25/04/2006)