VIDA IMPOSTA

No tênue caminho da arte

Sinto-me um infeliz impostor

Nas letras pediram um aparte

Apelidando-me de escritor

E perdido nas luas de Marte

Tornei-me um poeta da dor

E aqui nesse mundo sem cor

Na fuga usei tinta e pincel

E para falar do nosso amor

Usei somente lápis e papel

Sentia-me como abelha na flor

Sugando o néctar para o mel

Vesti-me com as cores da natureza

No manto da mais bela policromia

Delirando diante de tal beleza

Pintei o quadro da Real Alegria

E embevecido com tanta riqueza

Me senti apenas uma reles alegoria

Quanta beleza desenhada no luar

Quanta teimosia da bela lua

Em querer o poeta acompanhar

Escravizando a sua alma nua

Para o amor em seus versos falar

E cantar amor na solidão da rua

Um poeta notívago da paixão

Escreve para a mulher que gosta

Nas rimas extraídas do coração

A sua débil loucura fica exposta

Quando no luar extrai uma canção

Ameniza a dor pela vida imposta

Gonzaga Filho
Enviado por Gonzaga Filho em 11/06/2020
Código do texto: T6974154
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