HAVIA PARTIDO . . .
O tempo caminhava, hoje corre,
Sonhos foram ficando para trás.
As pernas dos sonhos menores
Do que as pernas do tempo.
Por isso a distância foi ficando
Cada vez maior e o pobre poeta
Percebeu que jamais alcançaria:
Este fato foi-lhe desgostando
A cada nova manhã que nascia
Ele sentia que seu corpo se punha
Mais pesado deixando-lhe muito
Mais lento e menos esperançoso.
Assim passaram-se alguns dias,
Até que, numa certa manhã, raios
De sol silenciosamente entravam
Pelas frestas da janela e, tanto
A janela quanto a porta, ambas
Estavam fechadas e fechadas
Continuaram, pois, o pobre poeta
Havia partido naquela madrugada.