Mais uma vez você


Enquanto te dispo com palavras,
pensamentos
fitos no teto vazio do quarto,
os olhos flutuam nas águas
que levemente rolam pelo rosto,
enquanto colo ao peito,
as paredes que me trocam
nas madrugadas virgens que defloro;
sem frutos, nem gentilezas,
parte desta vida descortês.
Visto após o tempo sua nudez
com palavras, pensamentos
que calam no silêncio
dos primeiros raios de luz,
o vegetar de mais um dia,
quando, também se cala a poesia
levada pelo cansaço,
desfaz-se em fracasso
amassada, lida e relida,
rabiscada, também despida
em palavras, pensamentos,
vestida pela ingenuidade dos sonhos,
marca mais uma página,
sem saber quando serão desvirtuadas,
defloradas...
Pelas contas,
que antes passavam pelos vocábulos
tão errôneos, quanto a própria existência,
que fiz, apenas, em uma poesia a mais.