TEU SILENCIOSO ÊXTASE

Poema de Neuza Maria Spínola

Sei que és poeta dos amores que vives,

Sei que és cantor das noites e dos bosques,

Não fales mais de sofrer, e de quem amas,

Nem cantes mais tantas tristes melodias!

Cala-te! Fecha com as mãos os teus lábios,

Pois saiba que o silêncio também fala;

Ele é o mais sábio e teu único amigo,

E este, poderás levar sempre contigo!

E quando o silêncio da noite chegar,

E a lua clara pratear o escuro mar,

Dorme, como se houvesse sol sobre a areia,

E pensa que as ondas cantam como sereias.

No escuro, com as estrelas e tanto silêncio,

Que vão passando à sombra dos teus olhos;

Vê que ficas triste como um homem,

De cujos olhos as alegrias somem.

E assim, levando teu silêncio contigo,

Mesmo que não estejas feliz, meu amigo;

Canta às estrelas, como faz o rouxinol,

Esperando a alvorada, homenageando o sol!

E quando escutares o sopro dos ventos,

Misturar as estrelas ao mar, por um momento,

Banha-te nesta água quente e apaixonada,

Do mar, dos meus verdes olhos, que não te pediram nada!

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