Meus azuis




As vezes suponho
que tenho complexos de olhos azuis,
cabelos quase dourados
tocando meu rosto.
Supostamente é um sonho
que domina, me afaga,
enquanto acaricio algas
pelo azul do mar,
que enlaça meu corpo,
me transfere ao seu recesso
enquanto dormes.
São reflexos do vazio,
das noites escuras,
a busca pela claridade,
pela tinta azul,
já vermelha pelos primeiros raios
que o sol joga sobre tudo.
São evidências e a realidade.
Sou só,
sem nada, sem rumo,
a deriva, apenas algas
tocando meu rosto, presas nas mãos,
em tantos azuis,
exceto nos olhos.
É pó sobre pó,
corpo em um só,
apenas um descuidado corpo
fertilizando a mente
em uma doce solidão,
antes mesmo que venha a procela,
sem olhos, sem cabelos,
com todos os azuis dela.