Abraços de dois braços
Abraços de dois braços.
As vezes eu acordo pela manhã e estou tão distante, longe a ponto de não saber o caminho de volta.
O mundo deu tantas voltas, que persisti ficar no mesmo lugar.
Talvez a insegurança, misturado com o medo de se arriscar, e tudo resultou no susto da vulnerabilidade.
É porque tantas mentiras foram contadas que já nem sei mais o que é a verdade, e no meio de um tiroteio de falas fiquei só, somente eu e minhas internas palavras.
As vezes acordo distante, e mesmo querendo me conectar, ainda estou distante, e tudo que se aproxima eu tenho um talento único de afastar de mim.
O amor tem o poder de ser uma facada nas costas pela mulher amarga, e olhares sempre irão falar mais do que os versos.
E neste mundo onde o abraço é proibido, vivo fingindo não sentir, só para não me ver vulnerável.
Há este medo de se jogar que acompanha meu caminhar e rouba meu sonhar, faz de mim filho da angústia, precipitado em acordar e ansioso para deitar.
Buscando assim anestesiar a verdade que abraça neste mundo punitivo, que fere até sangrar, o poeta, o solitário, e enriquece o imaginário.