Pôquer do Desencontro
A cidade toca sua música,
dedilhando uma guitarra folk,
numa noite de muitos solitários,
separados por paredes e teclados,
no silêncio de uma madrugada quente,
quando a chuva teima em não vir...
Não há mais tempo à perder,
o baralho está sobre a mesa,
nesse pôquer de vidas em desencontro,
somos cartas lançadas ao léu...
A cidade assovia uma melodia triste,
entre árvores e arranha-céus,
quando só o vento bate à janela,
enquanto as nuvens escondem as estrelas,
os anjos abandonam as torres de celular,
lançando-nos aos nossos erros demasiadamente humanos...
Não há mais tempo à perder,
o baralho está sobre a mesa,
nesse pôquer de vidas em desencontro,
somos cartas lançadas ao léu...
A cidade apaga suas luzes,
de cubículos sem vida em 4x4,
fingindo ter utilidade em megalópoles,
enquanto as contas se amontoam nos capachos,
o papel do destino foi borrado no último dilúvio,
encerrando uma arte pós-moderna sem valor...
Não há mais tempo à perder,
o baralho está sobre a mesa,
nesse pôquer de vidas em desencontro,
somos cartas lançadas ao léu...