O silêncio

Ouviremos apenas a chuva, caindo mansa

Enquanto o céu dorme

Neste profundo isolamento

Lembrança(s)

Contemplam a quietude do tempo

E despertam as emoções dessa entrega insana

Dormem também as estrelas

Que se esqueceram de como cintilar

As horas são mudas

Tudo está calado!

Estamos sobrevivendo a este minuto flagrante – flagrado –

Ao súbito instante

Em que tudo parou

Seguiremos sem dar nenhum passo

Sem pressa, sem buzinas, automóveis e asfalto

Juntos, neste outono secular

Nessa integração dissipada

E não nos faremos mal nenhum

Apenas o olhar como flecha certeira,

Mirando o interior do nosso ego

Não quero nada de ninguém

Somente, de mim, uma poesia indefinida

Que faça sentido para a vida

Dessa tristeza em decisão unânime

Contaremos as horas

Uma a uma

Mas deixaremos de lado

O pulso e o coração

O silêncio virá nos interrogar

Indagaremos (nós) em contrapartida:

Questionando o cronômetro dessa vida

Que atemporal e indissoluta

Se faz...

Seguiremos outra vez, enfim,

Contando pequenos passos

Pelos corredores estreitos da solidão

Eu, tentando achar um caminho

Você, sozinha, na contramão

Eu sendo sonhos e esperanças

Você, simplesmente, a Solidão.