A Poesia dos Grilos.

Tem horas que a vida

Não é que ela parece

Que perdeu todo sentido

Tem horas que eu olho pro mundo

E a impressão que eu tenho

É dela nunca ter tido

Minh'alma descalça e nua

Passeia em olhares perdidos

Por breves trechos, preces leves, tão compridas

Curtos pedaços da vida, uma viagem

Pelas ruas, pelo céu, pelo passado e presente

Perdidos no correr da vida

Outro dia, talvez a gente encontre algum sentido nela

Vou buscar na lembrança dos meus olhos

Um resto de olhares felizes

Eu me vejo quando embarco numa balsa e atravesso

Um pequeno espaço... tão vasto é este universo

Valsa a atmosfera

Meu olhar espera ao menos

Ver estrelas parecer felizes

Cá da terra as sei como são falsas meretrizes

Intocadas, infelizes

Inspirando aos grilos a mais linda poesia

Profundas como as jamais ouvidas

Deste meu lado da vida

Belas como aquelas

Que eu quis fazer e não fiz

Pode ser que por amor

Pode ser de solidão

Pode ser que de cansaço

Pode ser de pés no chão

Pode ser de limitada alma de gente

Tem horas que a bela vida

Não faz sentido

Eu disse só isso, somente

Como a terra abrisse a boca e me engolisse

Sobre a gente desistir?

Não, nada disso eu disse.

Edson Ricardo Paiva.