Somente Só



Curvando-se à pressão
da sensação de sufocante
e imobilizante clausura.
Querendo fugir como que fera
aprisionada em astuta armadilha.
Perdendo o olhar
na profundidade dos abismos
e na altitude dos picos.
Reconhecendo haver um confronto
entre o que existe de mais alto
com o profundo.
Não conseguindo nisto
manter os sentimentos,
percebendo-se como que algo oco.
Uma casca sem conteúdo,
um recipiente vazio.
Desestimulando-se consigo,
não se reconhecendo
dentre tantos outros.
Desejando ser
comodamente ninguém.
Desprezando a si,
mas também a todos os demais.
Mergulhando na solidão do ego.
E na solidão, sentindo
a presença de um alguém oculto,
brincando de esconder.
Jogando com o acaso,
criando muitas possibilidades,
gerando expectativas.
Culminando num processo
de ansiedade por respostas
a dúvidas ocultas,
num estranho jogo
onde tudo pode ser:
talvez um “sim”,
talvez um “não”.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 23/02/2020
Reeditado em 23/02/2020
Código do texto: T6872510
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