Testemunha
Cama, que me olhas
Com toda a indiferença
Que o teu vazio te permite.
Frieza total onde me deito
E te sinto enorme
Como se do mar se tratasse.
Inconsolável és!
Tu! Logo tu!
Que presenciaste tanta coisa
Tu! Logo tu!
Que foste cúmplice
Da mais pura felicidade entre dois seres.
Agora, ironicamente,
Não tens uma palavra
Que me conforte,
Que me anime
Nestas noites sombrias.
Cama, que me olhas
Com o desdém
Que a tua frieza te consente,
Tornaste-te impessoal
Como se de uma estranha se tratasse
És agora testemunha
Destas noites infindas
Que passo olhando o oco sombrio
Desejando ter de novo aqui
Aquele que me faz feliz!