Murmúrios do Silêncio



Oco, ecos de memória.
Palavras, velhas imagens.
Flores de jardim imaginário.
Vozes que perdem-se no tempo.
E tempo é a mais concreta das ilusões.
E o espelho o mais franco dos amigos.
Olhos tolhidos pela visão cansada.
E os passos andam pelo movimento,
Mas as pernas ficam aquietadas,
Num confuso ir e vir.
Num anseio de movimento,
Mas sem forças para prosseguir.
Tempo, exausto tempo do mundo.
Tempo e o redesenhar do rosto.
Da face que já não é, pois já foi.
Então o riso, pois é necessário rir,
Fingir uma felicidade suficiente,
Pois que assim se espera o mundo,
E quem não quiser ficar só,
Que não despreze o mundo.
E mundo que se dane,
Aos que não temerem a solidão.
Mas só, sozinho, é incerto,
Não se reconhece,
Falta o olhar do outro.
E então silêncio. Há música.
Música feita de quietude.
E as dores do coração calam-se,
E as dores do corpo fingem-se ausentes.
E ser feliz fica mais fácil,
Na ilusão da vontade,
Que antes quer,
Do que se faz sensata.
Na dor que engana,
Na fugaz felicidade.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 14/01/2020
Código do texto: T6841784
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