MOENDO O CHÃO
Solidão é mar estranho
mal encarado e tão senil
que desengata a alma.
É pó devastador,
insano e cruel,
que desfigura a fé,
destrona ossos,
desencaminha destinos.
Solidão deslapida a vida,
descarrilha a razão,
seca a voz.
Verme incansável,
mandado a torturar,
fragilizar, moer o chão.
São tentáculos famintos
que descabelam Deus,
desmamam o querer-bem.
Atalho fugaz pra loucura,
suas raízes são infinitas,
cuspe que inunda o universo.