São Paulo é ali.
Ali onde tem um labirinto de caminhos
Onde o mar é de concreto
Onde se esconde os fugitivos
Digamos que São Paulo é ali.
Onde os desejos se escondem nos elevadores
Um buraco fica para mim
Que me deixou a vida em seus recantos
Digamos que São Paulo é ali.
As aves visitam os psiquiatras
As estrelas esquecem de brilhar
A morte viaja em ambulâncias brancas
Digamos que São Paulo é ali.
O sol é um fogão a gás
A vida um metrô a ponto de partir
Tem pedras no sanitário
Digamos que São Paulo é ali.
Quando a morte vier me visitar
Não me desperte, deixa-me dormir
Aqui não tem lugar para ninguém
Digamos que São Paulo é ali.
As garotas já não querem ser princesas
E os garotos querem perseguir o mar
Dentro de um copo de cerveja
Digamos que São Paulo é ali.
Onde desejos viajam em trens lotados
Um banco de praça é a cama de um sem-teto
As paredes são páginas de um livro que ninguém quer ler
Digamos que São Paulo é ali.