São Paulo é ali.

Ali onde tem um labirinto de caminhos

Onde o mar é de concreto

Onde se esconde os fugitivos

Digamos que São Paulo é ali.

Onde os desejos se escondem nos elevadores

Um buraco fica para mim

Que me deixou a vida em seus recantos

Digamos que São Paulo é ali.

As aves visitam os psiquiatras

As estrelas esquecem de brilhar

A morte viaja em ambulâncias brancas

Digamos que São Paulo é ali.

O sol é um fogão a gás

A vida um metrô a ponto de partir

Tem pedras no sanitário

Digamos que São Paulo é ali.

Quando a morte vier me visitar

Não me desperte, deixa-me dormir

Aqui não tem lugar para ninguém

Digamos que São Paulo é ali.

As garotas já não querem ser princesas

E os garotos querem perseguir o mar

Dentro de um copo de cerveja

Digamos que São Paulo é ali.

Onde desejos viajam em trens lotados

Um banco de praça é a cama de um sem-teto

As paredes são páginas de um livro que ninguém quer ler

Digamos que São Paulo é ali.

Esdras Barbosa
Enviado por Esdras Barbosa em 21/12/2019
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