Cicatrizes

É como se a própria enorme intensidade do meu desejo de não estar só, fosse o principal motivo por eu estar.

Pois esse desejo me levou a me precipitar.

Pois essa precipitação me levou a ter experiências ruins.

Pois essas experiências ruins me marcaram.

Pois essas marcas me mudaram.

E pois essas mudanças me fizeram questionar se não quero mesmo não estar só.

Não é que eu preveja o pior,

Mas acontece que chega a ser cansativo sentir aquele aperto no coração que diz que já estive diversas vezes nesse caminho e que ele nunca tem um destino feliz.

A ironia é que me lembro bem de ter sido um garoto que explodia de amores no peito, mas que hoje sabe menos como é amar e mais como é ter o coração partido. Pois a memória daquele garoto, hoje é uma espécie de "Guia de como amar para idiotas" que uso o tempo todo, porque a bússola no meu peito perdeu o norte há alguns anos atrás.

Talvez por essas coisas eu tenha aprendido a dizer "Eu te amo" sem nem amar e talvez por isso eu não acredite mais quando ouço o mesmo de volta.

Pois não há pessoa mais desacreditada do que aquele que sabe que é um mentiroso.

Mas não me entenda mal.

Já fui marcado demais para acreditar em amor à primeira vista, mas marcado de menos para acreditar que não exista amor. Ele existe, só não é pra mim.