Poema do Jenipapo

Eu que te amo a mais bela flor,

Primazia das flores do rancor

Escolhida em jardins sem amor,

Ao deleite do pavor deste sofredor.

Querendo um beijo rude,

Ao pecar do cair sôfrego lúgubre

Me perco na selva de escarnecer,

Sem um amor que faça florescer.

Sem sol na rua dos injustiçados,

Perdido no medo dos escusados,

Sofrendo as dores dos próprios rejeitados

Ando nesta vida de caminhos coalhos.

Sentindo o vento nas mãos

Com loucura de menino não são

Em apenas um momento vão,

Ando nos becos escuros de reles solidão...

É nas trevas das flores de Dezembro

Em frente da padaria decorrendo,

Aos sustos de anátema de gangrendo

Voando nos amores de um pobre vou gemendo.

Estou com medo, estou sozinho, estou,

É simplório o desejo de um morrer, mordendo

É falta de senso os auspícios do morcego

Em tantas risadas e choros vou padecendo.

Procure o amor, e não permita a morte roubar,

Durma em sonhos temíveis em matar

Matar de tesão o destino cru ao arrebatar,

Em caminhos de uma breve solitude sem ar...

Eu vou me suicidar Baby, eu vou cortar meu eu,

E assistir o derrame de sangue teu e meu,

Todo querer é sutileza de uma mente ao mel,

Morra o destino e felicita os ardores dos céus...

Sei que existe saída pra solidão e do pecado

Tocar neste corpo morto em vil degenerado,

Todo banhado em rancores do ódio matado,

Sempre haverá um fim tristonho para o bardo.

Andando no beco de pavores cruéis e vis

Em canções de moleques sujos de gins

Sou morte! Sou uma sorte do submundo em lis

Ao sabor das dezenas de bacantes em íris...

Solidão me chamou desde o pecado calado

Em sofridão da aguerrida vida de maltratado,

Lúgubre igreja de gárgulas e entes desfigurados

Não existe mais o sol apenas este "eu" difamado.

Na noite em que almas saem no luar de sangue...

Numa dança de tantos espíritos selvagens,

Sempre essa solidão aclamará bela bacanagem,

Pois, ao morrer um no lixo; sobra sempre vagens.

Nas andanças do onírico destino de vermes,

Desejos, e um antagônico sortilégio dos germes,

Vamos buscar nessa infernal solidão Hermes,

Para depois, lá na morte de fracassos mui servo.

Pode até parecer uma dádiva de maus pecados,

Em consequência de poemas espinhados

Como fogo que abrasa almas até mesmo: Diabos

Sou canção de rimas, em uma arte de caralhos!

Solidão busca, buscou-me no quimérico dano...

Em muitas vidas de encarnações do precário

Mesmo que o tempo brinque de desbundado,

Termino minha poesia dizendo: só; não aguento!

(...)

Antes me leve a ventania do quê o esquecimento.

Francesco Acácio
Enviado por Francesco Acácio em 22/11/2019
Reeditado em 22/11/2019
Código do texto: T6800824
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