VELEIRO DA SOLIDÃO
A chuva cai suavemente!
Nas correntezas que se formam
Um barquinho de papel
Desce rua abaixo,
Mensageiro solitário
De um coração apaixonado;
Sem destino ele vai velejando
Tentando ancorar,
Num porto qualquer;
Veleiro da solidão
Penosamente seguido o seu curso
Pela marola da tarde pluviosa.
Esconde-se por entre à neblina,
E, reaparece em meio à cerração
Desenhada no cinzento firmamento;
Nada pode detê-lo.
Continua sendo levado
Pela água rua afora
Num velejar sem rumo.
Não sei de onde ele surgiu;
Nem como ele sumiu;
Quando tudo acabou
Uma linda flor se abriu.