ALÉM DE CATAVENTO
... Então ele acorda
Como quem sai de acordo
E pensa e aborda,
Diz de si, "Sim, mordo."
E mede a extensão,
Palmo a palmo, dessa dor
De estar em solidão,
Que só faz é decompor.
Condenado à eternidade
Ainda que sem morte ...
Ignoram ... fazem dele forte,
Dão-lhe plena liberdade !
Então, ele acorda,
Mais do que o costume,
Deram-lhe muita corda,
Todos oscilantes vaga-lumes ...
Assim, deixado, coração aceso
Qual lareira, ele prossegue,
Percebe "Sim, menos preso;
Eles cabalam, mas nasci jegue".
E aquele dia ainda não nascido
Indicava-lhe o estado dos demais
E na escuridão, ele sorria, teria rido
Quem em seu lugar vivia a paz.
Todo excluído assim no privilégio
De ser eterno antes do tempo:
De último, primeiro, no régio
Exercício de ser além de catavento...