Voltando pra casa

Gosto do frio, como de um tio,

As vezes é bom, as vezes nem tanto,

Para o mar, sempre desce um rio,

De um olhar, jamais se espera o pranto,

Mas ele vem, as vezes solto, raso,

Certo de incertezas, sem nenhum fato,

Outrora não, só chega de repente,

E não há chega que cale, o pranto de um olhar,

E quantas vezes contei números,

Fatos, fotos, pedras, árvores, gente, bichos,

Da janela fria, no meu canto na condução,

Tentando tirar alguém do meu coração,

E do meu lado, o arrependimento,

No banco da frente, gritando, o futuro incerto,

Atrás, em silêncio, um passado descoberto,

Lá fora, uma imagem viva, ela, parada, derradeira.