Conversa com o espelho
Deixo aqui minha inquietude
Você não é capaz de
Deixar de ser você
Você me produz
Você faz de mim um brinquedo
Você me usa, me desloca
Outrora me consome
E finge fazer da sua vida
Um pequeno troço de merda
Bonito aos seus olhos
Você sai exibindo
Garante seu potencial
Você é uma grande fábrica de bosta
Às vezes uma pessoa chega,
Olha e idólatra aquela sua
Grande merda
Jogada ao acaso
Você saí e esconde
Sua cara lavada
Na primeira solidão que encontra
Não demora muito
Você é acostumado com a
Solidão...
A grande fábrica do enaltecer
Diz pra mim...
É mesmo difícil
Olhar ao redor
E saber, sentir, pensar
No grande nada que você é?
Deixa isso pra lá
Faz o caminho contrário
...
Escuta...
Não há nada!
Quem você quer agradar?
Sua merda vale tanto!
Já olhou pra ela?
Ela tão reluzente
Quase que um espelho
Vai lá...
Respira...
Já percebeu que seu tempo
É curto?
É aquela pessoa?
Sério?
Você se consome
Outrora já não mais existe
Nesse ponto
Tanto faz.