Conversa com o espelho

Deixo aqui minha inquietude

Você não é capaz de

Deixar de ser você

Você me produz

Você faz de mim um brinquedo

Você me usa, me desloca

Outrora me consome

E finge fazer da sua vida

Um pequeno troço de merda

Bonito aos seus olhos

Você sai exibindo

Garante seu potencial

Você é uma grande fábrica de bosta

Às vezes uma pessoa chega,

Olha e idólatra aquela sua

Grande merda

Jogada ao acaso

Você saí e esconde

Sua cara lavada

Na primeira solidão que encontra

Não demora muito

Você é acostumado com a

Solidão...

A grande fábrica do enaltecer

Diz pra mim...

É mesmo difícil

Olhar ao redor

E saber, sentir, pensar

No grande nada que você é?

Deixa isso pra lá

Faz o caminho contrário

...

Escuta...

Não há nada!

Quem você quer agradar?

Sua merda vale tanto!

Já olhou pra ela?

Ela tão reluzente

Quase que um espelho

Vai lá...

Respira...

Já percebeu que seu tempo

É curto?

É aquela pessoa?

Sério?

Você se consome

Outrora já não mais existe

Nesse ponto

Tanto faz.

Pedro Alves dos Santos Neto
Enviado por Pedro Alves dos Santos Neto em 28/10/2019
Código do texto: T6781489
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