consumido

Encontro conforto no encaixe

de minhas ilusões prospectas

vou pra longe de mim e do

que não posso ser, angariado

nos delírios de uma febre efêmera

viajo sem escalas para o inferno

de minhas vontades infindas

sinto vergonha por essa imunda

alma desatenciosa, que não vê

a pura beleza da natureza

fluindo no seu curso divinal

concentrado no presente.

Fantasmagórica existência,

são os mortos que respiram o ar

da graça terrena desprezada

pelos animais letrados e com

sangue quente, correndo sem

sentido pelas veias afônicas.

Crescer é tão desimportante,

não que seja a inocência o atrativo.

É a contagem regressiva, invisível

a olhos tão rombudos e embaçados

pelas aparências do desejo erótico.

O pecado é lindo, um fogo roubado

e que calcina no silêncio interior

o tão admirado livre arbítrio

espalhando fuligem no céu esperado.