Eu não quero atuar, eu quero ser

É perturbador

ser um maldito espectador

no teatro macabro

que é a morte em vida!

Se deparar, todos os dias,

com milhares de pessoas,

milhares de carcaças ambulantes,

que tiveram toda a vitalidade

e ambição drenadas

por essa força motriz implacável

que é a rotina.

As peles, cabelos e olhos passam

de uma miríade de cores á um cinza

doentio e nauseante.

Como bonecos decrépitos

de uma maquete arruinada.

Todo movimento

feito por esses sacos

de ossos, carne e sangue,

se assemelha a um roteiro

intrincado e monótono,

onde não há espaço para

improviso, onde só há

espaço para cumprir

papéis e esperar a

ultima fala. A ultima cena.

É ainda mais perturbador

ter a consciência do risco iminente

de sucumbir a essa onda de

apatia generalizada, a essa atrofiação

mental.

Eu não quero atuar, eu quero ser.

Diego Peppers
Enviado por Diego Peppers em 11/10/2019
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