Talvez amanhã

Quero escrever um poema nesta madrugada.

A chuva está caindo

Os grilos não estão cantando

Ouço a chuva escorrendo pelo telhado

Toca Chopin

Busco uma rima

Mas as palavras fogem

Penso em você

Mas as minhas lembranças viram neblina.

Este poema está entalado

Na ponta da minha caneta.

Em madrugadas como esta

Eu sempre estou sozinho

E você nunca está comigo.

Na minha solidão é quando você mais me visita.

Na hora morta

Quando os galos não cantam

E os pobres demônios buscam a quem atormentar

Meus pensamentos se perdem nas curvas de seu corpo,

Que não esta aqui.

Quero escrever um poema nesta madrugada

Mas ainda não sei por onde começar

A chuva continua caindo

E você não está.

Em madrugadas como esta

Você nunca esteve nos meus braços

Nunca te beijei debaixo do céu infinito

Eu te quis

Não tanto quanto você me queria.

Ouço a madrugada chorando

A chuva lavando as folhas

E a minha alma está fria.

Em madrugadas como esta

Queria você em meus braços

Queria escrever um poema nesta madrugada.

Dizendo que você estava comigo.

Bem distante um galo canta

Vou desistir do poema

Talvez amanhã eu termine.

Esdras Barbosa
Enviado por Esdras Barbosa em 03/10/2019
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