Talvez amanhã
Quero escrever um poema nesta madrugada.
A chuva está caindo
Os grilos não estão cantando
Ouço a chuva escorrendo pelo telhado
Toca Chopin
Busco uma rima
Mas as palavras fogem
Penso em você
Mas as minhas lembranças viram neblina.
Este poema está entalado
Na ponta da minha caneta.
Em madrugadas como esta
Eu sempre estou sozinho
E você nunca está comigo.
Na minha solidão é quando você mais me visita.
Na hora morta
Quando os galos não cantam
E os pobres demônios buscam a quem atormentar
Meus pensamentos se perdem nas curvas de seu corpo,
Que não esta aqui.
Quero escrever um poema nesta madrugada
Mas ainda não sei por onde começar
A chuva continua caindo
E você não está.
Em madrugadas como esta
Você nunca esteve nos meus braços
Nunca te beijei debaixo do céu infinito
Eu te quis
Não tanto quanto você me queria.
Ouço a madrugada chorando
A chuva lavando as folhas
E a minha alma está fria.
Em madrugadas como esta
Queria você em meus braços
Queria escrever um poema nesta madrugada.
Dizendo que você estava comigo.
Bem distante um galo canta
Vou desistir do poema
Talvez amanhã eu termine.