Sentinela do Norte
Deixa a cidade toda saber,
Quem anda por ruas e ruelas,
É um sanguinário mister,
Das pequenas coisas singelas,
Dentre becos e favelas,
Não sabe como se perdeu.
E sem te avisar,
Nem mesmo saberás,
O momento certo de errar,
Quem me é meu Barrabás.
Mas eu me esforço para esconder,
Tão duro bato o martelo para pregar,
As caixas que deixam escorrer,
O líquido nefasto do meu guardar.
Tiro me,
Me atiro,
Corrói-me,
Cativo.
Me sinto,
Mas qual o sentimento inominado,
Sentido fatídico,
Quero muito estar errado.
Como bailarino em chão de cinzas,
Procurando carinho em meio cintas,
Contudo dançando para não morrer,
Mentindo para mim para não me perder.
Réu confesso,
E confesso,
Já está no meu excesso,
Exceto,
Quando a nostalgia,
Me consumiria.
Estou aqui,
Procurando em musica aprender,
Para parecer,
Corajoso querendo correr.
O lobo do homem e ele mesmo,
Criaturas distintas no igual,
Ambos com fome descomunal,
Quem é humano afinal?
E chove,
Chove saraivada,
Nesta chama ofuscada,
Me faz melhor nem que seja pedrada.
Me condena a morte,
És meu norte,
Prefiro mil vezes apedrejado,
Que terminar novamente trincado.
O sangue escorre como benção,
Foi realização,
Minha premonição,
Minha destruição.
Desta saraivada estou de braços abertos,
Entre contusões e apertos,
Me fura,
Me rasga,
Traz novamente minha graça,
Pois a vida é para loucos,
E a morte para espertos.
Hoje haverá diálogo entre dois,
Não sabereis quem sois,
Entre dois sóis,
Atados em pois.
Eu tento me distrair,
Tento fazer esse castelo ruir,
Mas se continuar levantando muros,
Não terei mais ossos para murros.
A noite clara,
De sol negro,
Porque não me fala,
Pessoa atada.
E não me lembro desse ato,
Como eu sou ingrato,
Não pelo por favor,
Nem nunca disse obrigado,
Por mais vezes que mantenha trancafiado,
O cubo está quebrado,
Fazendo fluir toda minha ingratidão,
Me cobrindo em solidão.
E de todo esse desabafo irado,
Me dê a mão,
Me dê um agrado,
Para provar que antes de tudo,
Eu esteja errado.