A escuridão toma conta
E a escuridão toma conta
Luzes que vem se aproximando...
Luzes que vão se distanciando...
A música que toca nesse rádio velho
É aquela que todo mundo dos anos 80 sabe a letra,
Nessa estrada vazia
O Fusca vermelho
A mochila no banco de trás
Algumas peças de roupa
Uma caixa de chiclete e um álbum de fotos de um casamento feliz
Já se passam das 23 horas
Breu, neblina
Nada de estrelas, nada de céu azul
Nem o topo da colina
Nem os sonhos da menina
Que ela já foi
Quando sonhava em casar e se mudar pro sul
E mais uma vez nó na garganta,
As lágrimas se misturam com o delineado
Do que era um gatinho bem traçado
Agora tudo preto e borrado
Por um coração maltratado
A escuridão toma conta
Toma conta dos olhos,
Do coração, do tempo e até da canção
Abre portas para a solidão
Amargura! Vida dura que a tens na mão
Luzes que vem, luzes que vão,
Mas nada consegue por fim
Mas por que é que tem que ser assim?
Outra vez ela se vê no espelho,
Seu corpo machucado, cortado e inchado
Levemente disfarçado pelo batom vermelho
E a escuridão toma conta
Com tão pouca coisa, como vai sobreviver assim?
Não tinha um destino,
Foi tudo tão repentino
Quase que sua vida teve um fim
Parada em uma rua qualquer
Segurava a própria barriga
Já não conseguia mais controlar o choro,
Encarava seu porta luvas aberto
Onde os 5 palitos estavam certos
Lhe comunicava a chegada do bebê
O corpo todo dolorido
Só tinha medo que algo tivesse ocorrido...
Melhor nem dizer
Já sem forças liga emergência
O som das sirenes
Luzes piscando
Abrem a porta do carro tem alguém chamando
O meu bebê...
Sai em um sussurro,
Antes de adormecer
Em perigo, sem nenhum parente ou amigo
Nada pode lhe acontecer...
E mais uma vez, a escuridão toma conta