"O quanto posso amar"
Roma 04/08/2019
Sentado por aí
Por aqui
Passando os dias
A escrever e divagar
Bem devagar
Sobre a vida
E minhas brigas
Minhas brisas
Meu abstrato olhar
Ansiando o passar do tempo
Que tão parecido com o vento
Pode o peso das memórias diluir
Quiçá os erros consertar
E finalmente assim
Se do futuro eu desistir
Possa então me libertar
Trazendo enfim
Entendimento
Outra boca
Outro cabelo
Novos seios e anseios
Que eu farei de mar
Para me afogar
O tempo
Que faz tudo que encanta
Ser ligeiro
Que eterniza
O que foi verdadeiro
Que traz rugas e certezas
E leva as dores
E a beleza no lugar
O vento
Que as vezes toca o meu rosto
Que esfria o meu corpo
Que leva flores
Os perfumes e amores
Mas trás sementes e valores
Que eu devo cultivar
Mas há um engano
Um erro tão insano
Meus poemas
Podem ser algemas
Se me atenho ao que fomos
Ao que errei
O quanto erramos
Nesse caso
Tudo que faço
É o tempo passado
E as memórias maltratadas
Reviver e aprisionar
No entanto
Podem ser minhas asas
Meu recanto
Minha aurora
Estrela D’alva
Se eternizo nesse canto
A minha busca pela alma
Minha busca por amar
Então saiba
Eu nasci para ser romântico
E em um mundo tão estranho
Que do frio eu provei tanto
Eu procuro o teu olhar
Que pode ser o meu lugar
O meu mundo
Verdadeiro e sano
Continuo a acreditar
Seguirei a te esperar
E sigo também adiante
Mas deixo aqui
Algo importante
Quem semeia ilusão
Me disse a vida e a razão
Colhe só o que é metade
Quem se encanta com cartazes
Fica sempre pela margem
Não se afunda
Se aprofunda
Nem se alaga de verdade
Sempre sente a tempestade
Que acaba
Cedo ou tarde
Mas te inunda
E te naufraga
Deixa danos
Profundos até a alma
E leva junto a sua paz
E eu que muito errei
Temporais enfrentei
Os mesmos que causei
Mas de todo me entreguei
Resisti
Nos perdoei
E ao ver no que falhei
Na dor fui consumado
Recomeçado
Iniciado
Pois a própria dor
Revelou o caminho do amor
E eu que nunca amei
Agora sinto
E sei
O quanto posso amar
E ser amado.