SOZINHA
Mais uma vez os filhos não vieram jantar.
Quanto ao marido? Sabe-se lá Deus onde está.
Sim, casados de papel passado,
dormindo em quartos separados.
Sozinha, irremediavelmente sozinha!
Ligo a televisão para me distrair:
Cenas de violência; sexo sem emoção,
e a reprise do último capítulo da novela.
Desligo a tevê, melhor ir Ler.
Mas, sonolenta, logo deixo o livro cair.
Na madrugada esfria, luzes apagadas.
Sozinha, irremediavelmente sozinha!
Desesperada começo a rolar na cama.
Ora, sei bem do que sinto falta:
Das suas mãos carinhosas percorrendo meu corpo,
afagando meus cabelos, pegando-me pela cintura;
dos seus lábios roçando nos meus; orelha, nuca;
do seu corpo amigo se aquecendo ao meu;
do seu olhar compreensivo e do beijo mais gostoso;
da sua voz emotiva dizendo que me ama.
Sorrio ao pensar nesse amor que já nasceu maduro,
e choro ao lembrar que está longe te encontrar.
Começo a me tocar na tentativa de me satisfazer,
erotizando cada zona do seu corpo nu,
suspirando e desejando o que não ouso dizer.
Todavia, não tenho êxito em me enganar.
Sozinha, irremediavelmente sozinha em minha cama.
O dia amanhece e preciso me levantar.
A vida prossegue e tem gente esperando o café.
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Espaço das interações poéticas
Sonhos reprimidos
Não sou mais alada
Os voos foram contidos
Meus sonhos te buscam
Carinhos tão desejados!
Minhas mãos te acariciam
Olhos nos olhos e a felicidade
Acordo risonha e Esperançosa
A realidade não tem piedade
Minha vida continua penosa
Volto para os afazeres do dia a dia
Sentindo a minha alma vazia.
(AnnaLuciaGadelha)
A solidão, judia e maltrata
Pobre coração! Vivendo de esperança
Na doce ilusão da sua presença
Esperando fica, noite fria adentro
Traz na lembrança noites de outrora
Onde o amor reinava absoluto
E tudo passou, pois tudo passa
Só não passa este meu amor
Que há muito me maltrata
Na vida somente dissabor
E esta solidão ingrata!
(Sandra Rosa)
SOLIDÃO EM MIM
No peito habita um vazio
O silêncio vem me acordar
Dos olhos escorreu um rio
Na falsa esperança de você voltar.
O relógio na parede tortura
Espancando o meu coração
Meus olhos à sua procura
Os meus sonhos, onde estão?
Nas gavetas da memória
Reviro as minhas lembranças
Perdi no meio a nossa história
Dos nossos tempos de crianças.
(Valtencir de Oliveira Ferreira)