AMARGA SOLIDÃO

Ficar longe de ti, inda que por um dia,

Transforma minha vida, vai-se a alegria

Embora...

A dor que se instala, forte, no meu peito,

É de tal modo cruel que já não sei direito,

Agora,

O que possa fazer, que traga à minha vida

A paz que me acompanha e ora anda perdida,

Eu, a todo tempo, luto, a tentar recuperá-la,

Atenuando essa dor que muito fundo cala

Na alma...

Procuro não pensar na falta que me fazes,

Mas não adianta, pois só tu é que me trazes

A calma

Necessária ao curso natural de tudo em mim,

Porque não posso continuar vivendo assim,

Sem ter tua presença, que, sabes, far-me-ia

Livrar-me, de u¿a vez por todas, dessa agonia

Que consome...

Meu coração, que é refém de tal impasse

E, descompassado, bate como se chamasse

Teu nome,

Inconformado, diante desta tua ausência,

Tirando-me, afinal, toda a paciência...

E nestes dias tão tristes e enfadonhos

Tu és presença certa nos meus sonhos,

A suprir

O ter perdido eu a tua doce companhia,

Que as minhas mais felizes horas preenchia,

E sentir

Tanto quanto eu esta saudade, que dá-se,

Em nós, como a deixar-nos face a face

Com a mais cruel e amarga solidão,

Que, indiferente a esta tórrida paixão,

Castiga

Os pobres corações destes amantes,

Impondo-lhes um sofrer que quanto antes

Os obriga

À incessante luta por viverem esse amor

Que, enfim, os venha livrar de tanta dor.

Mario Roberto Guimarães
Enviado por Mario Roberto Guimarães em 10/07/2019
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