AMARGA SOLIDÃO
Ficar longe de ti, inda que por um dia,
Transforma minha vida, vai-se a alegria
Embora...
A dor que se instala, forte, no meu peito,
É de tal modo cruel que já não sei direito,
Agora,
O que possa fazer, que traga à minha vida
A paz que me acompanha e ora anda perdida,
Eu, a todo tempo, luto, a tentar recuperá-la,
Atenuando essa dor que muito fundo cala
Na alma...
Procuro não pensar na falta que me fazes,
Mas não adianta, pois só tu é que me trazes
A calma
Necessária ao curso natural de tudo em mim,
Porque não posso continuar vivendo assim,
Sem ter tua presença, que, sabes, far-me-ia
Livrar-me, de u¿a vez por todas, dessa agonia
Que consome...
Meu coração, que é refém de tal impasse
E, descompassado, bate como se chamasse
Teu nome,
Inconformado, diante desta tua ausência,
Tirando-me, afinal, toda a paciência...
E nestes dias tão tristes e enfadonhos
Tu és presença certa nos meus sonhos,
A suprir
O ter perdido eu a tua doce companhia,
Que as minhas mais felizes horas preenchia,
E sentir
Tanto quanto eu esta saudade, que dá-se,
Em nós, como a deixar-nos face a face
Com a mais cruel e amarga solidão,
Que, indiferente a esta tórrida paixão,
Castiga
Os pobres corações destes amantes,
Impondo-lhes um sofrer que quanto antes
Os obriga
À incessante luta por viverem esse amor
Que, enfim, os venha livrar de tanta dor.