O som da dor

Escuto o som da dor em mim,

marcas que não saem com água e sabão,

noites que não se iluminam com velas,

músicas que não reduzem o silêncio interno,

quis encontrar o caminho de casa,

daquela raiz que diz quem és,

do útero que te abriga nas tempestades,

do colo que te aquece nos invernos,

mas o solo estava tão degradado,

a paisagem já desértica,

e o que encontrei foi só vazio,

mais lágrimas de tristeza,

mais melancolias em meu espírito,

mais solidão em cada passo,

um oceano azul de ausências,

significados sem ressonância,

nestes lugares de ninguém,

nesta terra sem proprietário,

um campo de refugiados do abandono,

foi tudo o que me restou,

portas fechadas e janelas quebradas,

nesse destino sem ponteiros,

enquanto o som da dor permanece...