A parede que cai
A parede que cai
(Tavares, Ana Rita) 26/09/14
No sono, ah!! que sono,
O físico se refaz
Mas o psíquico
Ah! Este não me deixa em paz
A cada sonho uma revelação
O inconsciente assim vem me dizer
Que o que mais desejo
É desejo de acontecer
No sonho,
a minha casa lá está
Com uma parede com trincas
Prestes a desabar
De pé em frente a mesma
A observo com intenção
Sabendo que ali
Algo irá ao chão
Movimentos na parede eu faço
Olho, a seguro,
Mas num gesto simples
a empurro e cai em pedaços
Nesta parede
Uma estante com uma televisão
Encontra-se agora
Como sobras no chão
Uma tele –visão
No sonho apareceu
Mostrando que quando se cai
Não passamos do chão
E neste chão
Novas construções posso fazer
Juntar os restos que sobraram
E o solo irá permanecer
Nesta casa
Outra parede pode ser feita
Mais branca e com leveza
E assim ela será refeita
Os cacos dela
Ah, fui juntando
E o piso onde estava
Lá estava descascando
O piso pintado de branco
Toda a tinta se solta
Como uma máscara que cai
E uma maquiagem que se desbota
Embaixo da tinta
Aos meus olhos se apresentam
Azuleijos brancos e sem arranhões
Me pergunto o que eles representam
Percebo que ali
Algo existia
Azulejo branco
que a tinta branca o encobria
Juntando os pedaços
Passo a observar
Que nos azulejos brancos
Algo pode ali se firmar
Com a parede da casa caindo
Outra coisa aparecerá
E sei que o que vier
Bem vindo será
Um novo fazer
Sei que surgirá
Sei , é o desejo
E assim me encaminhará.