ARIDEZ

ARIDEZ

Árida tez em suaves mãos de silêncios

O eco da palavra amor, ao longe, ainda demora

Faz-me lembrar as carícias de outrora

De outro

Deserto...

Não há água na fonte

Não há música na aurora

As flores murcharam há pouco,

O esquecimento lembrou-me

Que é a única memória presente

Logo, as folhas ressecadas farão o baile da despedida,

Rodopiando ao vento.

A sede surge

Na sede da palavra

Teu silêncio me trava

E me reinicia em giro e giro

Voltando ao recomeço de mim, minha fonte,

Água principal

Jornada do próprio amor

Que me invade em luz

Para verbo criar

E se tornar poema

E se fazer canção

Que anda nos becos, nas bocas

Dos bêbados que se enamoram

Da minha sombra que com eles baila

Até cair de cansaço,

Esperando, no meio fio, o sol da razão.

Stella Motta
Enviado por Stella Motta em 03/06/2019
Reeditado em 03/06/2019
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