ARIDEZ
ARIDEZ
Árida tez em suaves mãos de silêncios
O eco da palavra amor, ao longe, ainda demora
Faz-me lembrar as carícias de outrora
De outro
Deserto...
Não há água na fonte
Não há música na aurora
As flores murcharam há pouco,
O esquecimento lembrou-me
Que é a única memória presente
Logo, as folhas ressecadas farão o baile da despedida,
Rodopiando ao vento.
A sede surge
Na sede da palavra
Teu silêncio me trava
E me reinicia em giro e giro
Voltando ao recomeço de mim, minha fonte,
Água principal
Jornada do próprio amor
Que me invade em luz
Para verbo criar
E se tornar poema
E se fazer canção
Que anda nos becos, nas bocas
Dos bêbados que se enamoram
Da minha sombra que com eles baila
Até cair de cansaço,
Esperando, no meio fio, o sol da razão.