Solidão

Julguei-me o mais forte dos mortais,

Até chegar onde cheguei.

E me fiz saber que não tenho essa força toda.

Descobrindo que não tenho tal qualidade,

Ou ao menos não do jeito que achei que eu tinha.

Me vi vulnerável em meio a essa onda.

Uma vasta solidão me cobriu por inteiro.

E mesmo que eu tentasse nadar,

Mesmo que eu pudesse gritar,

Não teria impulso, nem se quer um escudeiro.

As vezes penso que cheguei ao estado de louco.

Que a morte me rodeia,

Que a lua não clareia,

Que a casa não tem telha.

E que não existe Ar.

Que me sinto um cão sem dono.

Preso na coleira,

No frio e na esteira,

Pelado, que doideira.

Correndo sem sair do lugar.

Até parece frases sem sentido,

Utopias sem dimensão.

Mas só quem passa por isso.

Vai saber a imensidão.

Bom! A solidão é assim mesmo, como não poderia ser?

Você passa o dia bem,

Se alegra com seus colegas também,

Planeja fazer um neném.

Mas não sabe quando ela vem.

E mesmo que consiga entender.

Esse sentimento é traiçoeiro.

Pode estuda-lo por inteiro,

Mas ele chega sorrateiro.

Sem que consiga prever.