As areias se movem

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Meus sonhos são como os grãos de areia

que se movem em véus, quando os ventos

resolvem tumultuar o seu sossego,

espalhando-os no deserto que ora se formam

na minha alma seca e sombria...

E em toda extensão que abortam

vão formando dunas e mais dunas;

que guardam sob seu calor

minhas mais ínfimas tristezas,

de onde jamais poderão sair

O tempo que as transportam

nunca as deixa,

dormirem sempre no mesmo lugar;

misturando-as cada vez mais,

ao som do vento que as regem tirano...

Essas areias finas levam meu destino

para um solo longe e solitário

arrastando cruelmente os meus fascínios,

despindo-me de todos os meus pudores,

até onde possam me permitir, ficar.

Sob o sol escaldante, sigo...

guardada pelas estrelas, que nas noites frias

tingem o céu com seu brilho fugaz;

permanecerei na quietude, chorando

a mercê dos dias, um após o outro

Porque sei que não ficarei ali, nem lá,

todos as auroras me descortinam

novas imagens, novos oásis,

as minhas visões dependem sempre

para onde se movem e me levam as areias...

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 23/09/2007
Código do texto: T665558
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