ninguém
eu nunca estive tão sozinha
e tão desinteressante
ninguém pra sair junto e beber num bar barato
às 8
nem ninguém pra conversar sobre o meu dia
nem ninguém pra transar de madrugada e
ir embora às 7 da manhã
e só marcar de novo daqui duas semanas
ninguém pra me ouvir cantar
ou pra dizer “é que você tá jogando errado”
ou pra dizer “vou fazer uma versão vegetariana pra você”
ou pra dizer qualquer coisa
ninguém pra me ouvir cantar
nem pra despedaçar meus sentimentos