O olho azul vazio
Há um vazio no seu olhar
Não há a menor empatia
Ele é o oceano, o mar
Carregado de melancolia
Ele é um buraco negro
Que suga a energia de tudo por perto
Pelo medo eu me nego
À olhar para dentro desse deserto
Esse olhar me corrói
À deriva de me matar
Ele me desprepara e me desconstrói
Mas não me importaria em neles me afogar
O universo inexplorado, o medo do desconhecido
Suas ondas não transmitem sons
Eu devo ter me perdido
Nos diversos tons
De azul do seu multiverso
Cada tonalidade é uma pequena galáxia
Um mundo paralelo e inverso
Que reflete solidão e lástima
Eu sou um náufrago no meio do azul índigo
Do azul marinho, do azul turquesa
Do azul cobalto, do azul safira, nado e me fatigo
Fico perdido nessa delicada indelicadeza
Não há vida nesses olhos, não há luz
Esses olhos causam agonia, eles são mortos, frios
Nenhum resquício de humanidade, não há nada que reluz
Senão apenas a doce solidão do oceano azul vazio
(Poema dedicado ao personagem fictício Mei Misaki)