Suicida

Se na minha vida hoje desse um ponto

Final sem continuação frasal

Quem em sua sã consciência

Sentiria falta afinal?

Sem carta de adeus ou epitáfios

Perguntar-se-iam os meus entre eles

“Quais as razões para tal atitude

Podando de vez sua juventude?”

O suicídio é lento, nunca é

Na hora da morte do corpo inerte

Ele vem devagar por toda vida

Um doce convite à porta de saída

Por testamento deixo tudo

Que juntei por toda minha vida:

Dores, saudade, desgostos e despedidas

Aos vermes, deixo meu corpo em feridas

Desse mundo nada se leva na partida

Isso é bom por não ter nada relevante

Na minha bagagem só cabem meus sonhos

Já que nenhum deles foi triunfante

Para morrer se leva uma vida inteira

Mas sempre chegará esse momento

Onde já se está morto há muito tempo

Aguardando, apenas, em vida o sepultamento

Espero que além daqui não haja nada

Cansado de tentar seguir em frente

Quem precisa de outra vida?

Basta uma só para ser tão descontente!

Lágrimas verterão daqueles entes

Que nunca me ofertaram um sorriso

Que engulam seus “ais” tão decadentes!

Me perderam não por falta de aviso

Parto lamentando pelas crianças

Que riem ao nascer inocentemente

Jogadas nessa vida aleatoriamente

À mercê de todas as desesperanças

Nascer, crescer, convencer e morrer

Me retiro de cena sem alvoroço

Mesmo assim sendo tão moço

É longa a vida de quem não quer viver.

Tiago Russo
Enviado por Tiago Russo em 17/02/2019
Código do texto: T6577416
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