Suicida
Se na minha vida hoje desse um ponto
Final sem continuação frasal
Quem em sua sã consciência
Sentiria falta afinal?
Sem carta de adeus ou epitáfios
Perguntar-se-iam os meus entre eles
“Quais as razões para tal atitude
Podando de vez sua juventude?”
O suicídio é lento, nunca é
Na hora da morte do corpo inerte
Ele vem devagar por toda vida
Um doce convite à porta de saída
Por testamento deixo tudo
Que juntei por toda minha vida:
Dores, saudade, desgostos e despedidas
Aos vermes, deixo meu corpo em feridas
Desse mundo nada se leva na partida
Isso é bom por não ter nada relevante
Na minha bagagem só cabem meus sonhos
Já que nenhum deles foi triunfante
Para morrer se leva uma vida inteira
Mas sempre chegará esse momento
Onde já se está morto há muito tempo
Aguardando, apenas, em vida o sepultamento
Espero que além daqui não haja nada
Cansado de tentar seguir em frente
Quem precisa de outra vida?
Basta uma só para ser tão descontente!
Lágrimas verterão daqueles entes
Que nunca me ofertaram um sorriso
Que engulam seus “ais” tão decadentes!
Me perderam não por falta de aviso
Parto lamentando pelas crianças
Que riem ao nascer inocentemente
Jogadas nessa vida aleatoriamente
À mercê de todas as desesperanças
Nascer, crescer, convencer e morrer
Me retiro de cena sem alvoroço
Mesmo assim sendo tão moço
É longa a vida de quem não quer viver.