A DAMA DO CAVALO BRANCO
Calvango nos outeiros,
no crepúsculo do sol,
se aconchega a nobre dama,
apeando o animal;
Adornada como noiva,
a noviça virginal,
descendeu ao meu encontro,
a zarpar do temporal;
Vindo em busca de guarita,
convidei-à para entrar,
dividi-lhe o guarda chuvas,
evitando-à de molhar;
Demandei sobre o seu nome,
com olhar de comoção,
ela retorquiu sorrindo,
o meu nome é Solidão;
Solidão era tão bela,
tão serena de se olhar,
Solidão era encanto,
era paz,era amainar;
Nos braços tangiam ventos,
mas não tangiam tufão,
eram brisas de acalento,
perfilhando o coração;
Chegou assim num repente,
empeçando o meu recesso,
difundiu-se o escarmento,
me moldou em um processo;
Apartou-me da tredice,
conduziu-me ao meu eu,
alongou-me do mundismo,
me aconchegou em Deus;
Enlevou-me na ledice,
e encetou a sapiência,
dominado pela flêuma,
aprendi a paciência;
Não foi nada antiquado,
cortejar a nobre donzela,
me senti faceiro e pleno,
mesmo estando eu e ela;
E ao findar de mais um dia,
logo após o temporal,
fui-me embora com a donzela,
no crepúsculo do sol!