A PAZ QUE MEREÇO.
Solidão no copo de café,
Solidão que desconheço.
Solidão de vapor quente
Da qual eu me aqueço.
Solidão tão solitária,
Que do mundo me esqueço.
Só eu, somente eu
Sou a paz que mereço.
Solidão que me acorda
E foge em meu bocejo.
Solidão no rosto do espelho,
O qual me reconheço.
Solidão brilhante no sol,
Do qual me aqueço.
Eu, somente eu
Sou a paz que mereço.
Solidão que ensina a levantar
Em meio aos tropeços.
Ensina-me a ressuscitar
Quando em espírito, faleço.
Solidão faceira
Que não erra endereço.
Sozinha comigo mesma,
Sou a paz que mereço.
Solidão que fortalece
Quando me enfraqueço.
Solidão reflexiva
Onde melhor me conheço.
Solidão que aparece
Quando desapareço.
Meu abraço solitário
É a paz que mereço.
A solidão que me faz entender
A racionalidade que enlouqueço.
Solidão só me manda refletir,
E eu, claro, obedeço.
Solidão que me conserta
Quando me viro do avesso.
Assim, enfim
Torno-me a paz que mereço.
Que a solidão ecoa pela alma,
Não é nenhum segredo.
Seres humanos tão solitários
Não encontram a companhia neles mesmos.
Solidão que me traz silêncio
E ao Divino, agradeço.
Pois só assim, descubro em mim
A paz que tanto mereço.